terça-feira, 22 de abril de 2008

Ele: Aí sim está dentro da área de abrangência de nossa matéria de estudo, mas tem sempre um que não concorda. E isso não significa que ele esteja errado.

Ela: Sugiro que falemos de assuntos mais agradáveis.

Ele: Veja só que coisa formidável! Estamos no futuro. "Um homem pode ser visto e ouvido por todos em qualquer lugar do mundo, e ali mesmo ser morto, eis a evolução de nossa raça!” Engraçado, no que se tornou a vida! Qualquer estranho te empurra para um canto, vasculha seus bolsos e sua mente, como se fosse a própria consciência, diz o que você deve e não deve saber, te repreende também como faziam os antigos ditadores.

Ela: Você bebeu?

Ele: Se estou bêbado?Quase!
Estou cansado também! Cansado disso tudo. Vários rostos, nenhum amigo. Várias vozes, nenhuma canção descente. Negociei minha vida a preço de mercado. E que merda é essa que costumamos chamar de amor?È prazer?Nos pareceu conveniente dizer que estávamos apaixonados, [estar apaixonado é sinônimo de amar?]nos pareceu conveniente ter prazer. Provamos mil gostos e odores do prazer, estivemos de ponta cabeça e até demos cambalhotas. Mas agora...

Ela:... Você está bem?

Ele: Vamos ao que interessa: fuga, suor e o vazio final de não se resolver porra nenhuma!

Ela: Você está tão estranho...

Ele: Lembro como se fosse hoje quando nos vimos pela primeira vez, ironia do destino!Agora estou aqui dizendo que será a última vez que nos veremos.

Ela: Eu não estou te entendendo, última vez, ora, por quê?

Ele: Será que você não percebe que estou perdidamente apaixonado por você? É totalmente ridículo. Ainda a pouco amei o pôr-do-sol, amei os barcos, amei o mar, amei a música, o tempo e até a solidão eu amei, mas amar sozinho é impossível! Não terei mais essas mãos andarilhas, essa sensação de levantar vôo. E quando daqui sair vou me embriagar de música, que é pra esquecer o frio que me tomará por dentro.
A vida não é muita coisa mesmo! O mundo! (ri)
O que é o mundo? Sala de espera pra se morrer? Morrer até que não seria mal, era sorte. Morrer de amor ou de amar? Ficaria mal de fato!

Ela: Como é engraçado seu modo de falar, mesmo quando sangra é o senhor da situação.

Ele: Não. Sou apenas um submisso seu! Será que não entende que um simples beijo, um simples beijo depois do fim, pode trazer a tona uma cidade submersa?
Sabe, tinha tanto a lhe dizer...

Ela: Então diga!

Ele: Tanta coisa fica sem ser dita em um relacionamento... Tudo que se diz é a ponta de um iceberg.
Então... Como deveríamos nos despedir?Como personagens de Shakespeare?
(teatral) Pois bem, senhora, digo a vós e aos espelhos, que espero haver satisfeito com essa comédia sem risos...

Ela: quanto mais ficamos mais sangramos...

Ele: Então... Foi um prazer conhecê-la.

5 comentários:

Xteph disse...

TAL POST, TAL DONO.

Unknown disse...

Gente, gostei mto do blog! À la Clarice! haha

beijo, honey ^^

Alan C. disse...

eu queria escolher um trecho desse texto que eu mais gostasse
mas não consegui
aehaeh
po, tipo assim, perfeito!
as falas dele deu pra imaginar exatamente como seria falando
só o "ela" ficou meio apagado, sem ela nem faria diferença o texto. até acho que ela poderia ter um destaque maior, umas falas mais decisivas para o final brilhante.
aqui, só uma coisa.. eu gostei do final tb, não contrariou as expectativas.

e outra coisa. eu quero encenar essa esquete!!!!
hueahaehae

Anônimo disse...

Nossa! Muito bom...
Algumas falas em lembraram um texto do Alvarito que fiz no meu teste de DRT.
Mas o texto é brilhante!

ana carvalho disse...

aaaaaaaaaaah não acredito que ja acabou. e eu aqui toda empolgada porra :(
adoreeei